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Declarações de Lula podem prejudicar acordo do Mercosul com a UE, diz professor

Professor de relações internacionais Vitélio Brustolin avaliou que fala do presidente Lula sobre guerra da Ucrânia “arranhou” a imagem internacional do Brasil

Lula foi alvo de críticas após falas sobre Guerra na Ucrânia08/03/2023REUTERS/Adriano Machado

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra da Ucrânia “foram desnecessárias” e “arranharam a imagem internacional do Brasil.”

Isto é o que defende o professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense Vitélio Brustolin.

À CNN Rádio, ele afirmou que a viagem de Lula à China e aos Emirados Árabes foram positivas do ponto de vista comercial, mas os “comentários equivocados” causaram repercussão negativa de Estados Unidos e União Europeia.

Durante a agenda internacional, Lula disse que tanto a Rússia, quanto a Ucrânia são responsáveis pela guerra iniciada no ano passado.

Segundo Vitélio, Lula buscará, na coroação do Rei Charles, fazer “um aceno positivo para a Europa”, após as críticas recebidas.

Isso porque existe a expectativa de que o Brasil finalmente tire do papel o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que já se alonga há 24 anos.

“Brasil tem interesse para que isso aconteça, mas, ao culpar a Europa e colocar, no mesmo nível, agressores com europeus, norte-americanos e ucranianos, pode acabar prejudicando o acordo”, defendeu.

O professor ainda lembrou que Lula “refez o ponto de vista dele várias vezes” sobre o conflito na Ucrânia.

Mas, ao mesmo tempo, destacou que os lados da guerra “não são iguais.”

“A Rússia rasga a carta da ONU ao promover guerra de anexação, viola o direito internacional, e a neutralidade não significa que o país deva ficar impassível e ignore o que está acontecendo”, explicou.

De acordo com Brustolin, a China é a maior parceira comercial do Brasil, mas não é necessário “brigar com um lado para agradar o outro, fica situação constrangedora, se Itamaraty recuar, para ter sinalização positiva da Europa e EUA, agora pode desagradar China e Rússia”.

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