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Após um mês e meio de trabalho, peritos criminais federais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal concluíram a análise do primeiro pacote de joias sauditas recebido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). A caixa com joias femininas foi confiscada pela Alfândega do Aeroporto de Guarulhos (SP) após tentativa de entrada no Brasil sem pagamento de impostos.
A avaliação inicial é de que o conjunto – formado por colar, anel, relógio e brincos de diamantes – poderia custar cerca de R$ 16,5 milhões. O laudo produzido pelos peritos deve apontar o valor real das joias e vai complementar o inquérito que corre sob sigilo na PF de São Paulo.
Durante a análise, um perito viajou até a Suíça para visitar a sede da Chopard, marca das peças de luxo. No local, os peritos conversaram diretamente com os responsáveis pela confecção das joias.
O trabalho incluiu ainda a análise individual de pedras de diamantes. Somente o colar contém aproximadamente 2.000 peças.
A perícia apurou que um relógio da marca suíça pode custar R$ 800 mil. O levantamento dos valores de brincos, abotoaduras e anéis foi registrado no laudo técnico. O documento ainda não foi divulgado.
As joias foram dadas à comitiva brasileira em outubro de 2021, quando uma equipe do ex-ministro de Minas e Energia visitou a Arábia Saudita. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O pacote foi entregue pela Receita Federal à PF no fim de março deste ano e foi transportado até Brasília, onde fica a sede do INC, para a perícia.
Em 24 de março, o delegado Adalto Machado, da PF em São Paulo, pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) para periciar também um outro pacote que estava no acervo pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A perícia do segundo conjunto ainda não começou, segundo apurou a reportagem.
Entenda o caso
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que teria tomado conhecimento dos presentes um ano após o recebimento por parte do Ministério de Minas e Energia e retenção pela Receita Federal. Bolsonaro, no entanto, afirmou que não se recorda sobre quem o informou.
Além disso, o ex-presidente disse que acionou o ajudante de ordens coronel Cid para ter mais informações sobre o caso — e essa teria sido sua “única ordem” sobre o assunto. Bolsonaro nega qualquer irregularidade.
A PF investiga a participação de servidores da Presidência e da Receita Federal na tentativa de liberação das joias da alfândega.